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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Se ixando para o futuro

Revendo antigas publicações, encontrei este texto, que no foi divulgado pelo portal "Uberabajá", ele nos faz recordar fatos que ajudam a explicar nosso presente, e a entendermos melhor o porquê do fracasso do ensino público municipal e do aumento generalizado da violência.


Se lixando “pro” futuro.


No palanque, todo político reconhece o ensino como arma para vencer a desigualdade e o subdesenvolvimento. No poder, ao invés de agir, costumam maquiar o doente anêmico: escondem sua palidez, tapam suas olheiras e o apoiam em muletas.


Uma onda recente é a criação dos laboratórios de informática. Montam salas com computadores pessoais (PCs), que se tornam impessoais, pois há sempre muitos alunos para cada máquina.


Outro modismo no Brasil, é a avaliação de escolas e alunos em testes. Chegam a promover ensaios gerais, simulados e pasmem: há casos em que deixam os alunos “colarem”, para aumentar a média. Por outro lado, pais e responsáveis (se é que são), geralmente estão inaptos para avaliar a vida escolar de seus filhos na escola pública, uma vez que os mesmos, comummente, estudaram bem menos que eles.


Outra aberração é a aprovação automática: uma “empurroterapia” bolada para gerar números e estatísticas que induzem as instituições internacionais a permanecer enviando verbas e subsidiando “nossa revolução educacional”.


Trarei agora o assunto para nossa querida e tão maltratada Uberaba. Baseados em lei e bancados pela criação de um fundo Federal, o Município introduziu o ensino infantil em período integral (crianças a partir de 4 anos), em suas escolas. Seria ótimo, mas encaremos a realidade quase generalizada:


Os professores não possuem necessariamente curso superior completo, ganham salário mínimo, não podem almoçar e nem mesmo permanecer na escola neste horário, são em maioria contratados e não concursados. Tais condições, nos ajudam a entender porque há tantas salas sem educadores.


Os prédios, já existentes, não sofreram adaptações, não há banheiro infantil, biblioteca apropriada, ludoteca, carteiras para crianças, o refeitório utilizado é o de adultos, não se criou play ground e serve-se uma merenda insossa que vem de empresa terceirizada.


Os ex-bebês dormem em colchonetes velhos e mofados, doados e improvisados. Na hora do almoço, como não há educadores, são cuidados por servidores gerais em desvio de função.


Crianças, em nosso Município, não são prioridade, as creches que se transformaram em escolas (por força de lei), tiveram sua verba de convênio cortada em 40% só neste ano.


Se a infância é o futuro, então estamos “nos lixando” para o que virá. Todas essas crianças entregues a este sistema desorganizado de ensino, integram um grupo de risco, que geralmente recebe convites do crime (este sim, organizado).

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