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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ÉRAMOS CORAJOSOS

O artigo a seguir foi divulgado no Jornal JUMBINHO há um bom tempo, você poderá, ao lê-lo, acompanhar um pouco da história de Uberaba. Quando vemos alguma iniciativa como a noticiada pelo Jornal da Manhã (veja a postagem anterior), passamos a acreditar que ainda sairemos da letargia.

ÉRAMOS CORAJOSOS


Ficamos admirados com a determinação e persistência do povo do Egito para derrubar o governo ditador de Hosni Mubarak, é um fato histórico importante, e é bem provável que as futuras gerações terão que estudá-lo sempre que necessitarem entender as questões do oriente médio.

Ficamos indignados com a ignorância e a “falta do que fazer” de torcedores que apedrejaram o ônibus com jogadores de futebol do Corinthians, como se este esporte fosse a coisa mais importante do mundo. Tal manifestação de vândalos, um verdadeiro esperdício de esforço humano, envergonhará nossas futuras gerações, caso elas sejam mais evoluídas que a nossa.

O brasileiro está cercado de questões importantíssimas como a excessiva carga de impostos, a corrupção nos três poderes (legislativo, judiciário e executivo) e suas consequências: o desamparo na saúde pública, a péssima qualidade do ensino, a impunidade generalizada e a sucata em que se transformou a infra-estrutura do país.

Diferentemente dos egípcios, os brasileiros se recolhem a letargia, ficando os protestos relegados a conversas em mesas de botecos e eventuais churrasquinhos de fim de semana. O bate papo desses ambientes sempre tende a se converter em um “graças a Deus não é comigo”, “eu tô de boa” ou “vou dar um jeitinho”.

Uberaba não é diferente, mas já foi! Em 23 de Abril de 1952 culminou uma rebelião popular contra o governo de Minas que cobrava impostos escorchantes e realizava fiscalizações truculentas. Atacaram repartições fiscais do Estado, as coletorias, jogaram máquinas de escritório, papéis e arquivos nas ruas e no Córrego das Lajes, barraram o trânsito de veículos em um processo que só terminou com repressão policial de forças enviadas da capital.

O fato foi de tal relevância que foi noticiado pelo jornal The New York Times em 26 de Abril de 1952.

Deu resultado? Indiretamente sim!! O governador Juscelino Kubitschek, diferente do que faria um ditador, procurou se aproximar dos uberabenses e atendeu uma de suas principais reivindicações: destinou um prédio do Estado e apoiou integralmente a fundação da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, embrião da atual Universidade Federal de mesma denominação.

Outro fato histórico ocorreu em Uberaba, desta vez em 1899, quando surgiu um movimento contra o imposto territorial rural de 3% sobre o valor da terra, que o Estado cobraria dos mineiros. Tal rebeldia custou a cidade uma forte retaliação do Governador e “persona non grata” Silviano Brandão: o encerramento das atividades do Instituto Zootécnico de Uberaba, uma faculdade que formou, naqueles tempos remotos, em sua única turma oito zootecnistas cujo trabalho, em diversas atividades teve extrema importância, mas o tiro saiu pela culatra, o movimento anti-imposto se fortaleceu, moveu toda Minas e impediu a cobrança do novo tributo.

Sem dúvida, nossos antepassados foram mais unidos e lutaram por causas muito dignas. Fica a questão aberta: quando foi que perdemos nossa capacidade se nos indignar e protestar?

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