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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Trânsito em voto

Como quase nada muda, textos antigos, como este publicado pelo Jornal Jumbinho, continuam atuais.

TRÂNSITO EM VOTO



Um motorista dirigindo um carro é parado por um guarda de trânsito, que o multa porque no veículo tem uma criança que não está usando a cadeirinha. O condutor acumula 7 pontos na carteira e o veículo fica retido até que a situação seja regularizada.

Regularizar tal situação pode ser arrumar uma cadeirinha imediatamente, ou conduzir a criança em um outro veículo. Aí começa o absurdo da legislação brasileira: se for um táxi não precisa de cadeirinha, e olha que esses não costumam andar devagar, se for uma van escolar também não necessitará do equipamento, é o que diz a lei, se for um ônibus coletivo também não haverá a cadeira para crianças, nem cinto de segurança e se não houver lugar para sentar a criança terá que ir em pé, tudo dentro da mais estrita legalidade.

Este é o país em que moramos, inventam regras incoerentes, forçam o contribuinte a gastar mais e mais. Assim também ocorreu com o kit de primeiros socorros, quase todo mundo gastou, depois cancelaram a obrigatoriedade.

Estas leis e normas têm seu nascedouro nas câmaras legislativas, 81 senadores, mais de meio milhar de deputados federais, muitas centenas de deputados estaduais, vereadores nem tente contar, são no mínimo 9 em cada cidade, mesmo que ela seja um vilarejo, todos esses parlamentares regiamente pagos. A palavra regiamente, aqui utilizada, se aplica muito bem, pois são de fato remunerados como se fossem reis.

O Executivo não é diferente, é formado por um Presidente que mais lembra um turista, Governadores que usam e constroem palácios, e Prefeitos que em seus carros de luxo coordenam ambulâncias que são um lixo. Todos possuem canetas poderosas capazes de nomear, aos milhares, sua turma para cargos de confiança.

 O Judiciário não fica para trás: não solta serviço (vide o caso do mensalão), tem duas férias anuais, emenda feriados e conta com salários de causar inveja em cortes internacionais.

Voltemos ao trânsito! Se a turma aí de cima fizesse seu papel, nem precisaríamos de tantas leis, pois poderíamos comprar carros mais seguros, dar melhor manutenção, teríamos ruas mais adequadas, com bom asfalto, boa sinalização e sem enchentes, mais viadutos, túneis e passarelas, nos sentiríamos seguros para usar bicicletas ou andar a pé e principalmente poderíamos contar com um transporte coletivo eficiente.

O Brasil tem terra onde deveria haver pavimento, pistas simples onde caberia duplicação, duplicações acanhadas, assaltos nas estradas, faixas apagadas, placas quebradas e gasolina campeã de preço. Assim, mantemos a turma do Planalto e seus assessores nas planícies.

No momento que escrevi este texto, não havia ocorrido as eleições, mas dá para imaginar que pouco mudou, pois a “brasileirada” se conforma com pagar muito e receber pouco, bem pouco mesmo.



Obs.: onde escrevi "contribuinte" leia-se pagador de impostos.

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