Como quase nada muda, textos antigos, como este publicado pelo Jornal Jumbinho, continuam atuais.
TRÂNSITO EM VOTO
Um motorista dirigindo um carro é parado por
um guarda de trânsito, que o multa porque no veículo tem uma
criança que não está usando a cadeirinha. O condutor acumula 7
pontos na carteira e o veículo fica retido até que a situação
seja regularizada.
Regularizar tal situação pode
ser arrumar uma cadeirinha imediatamente, ou conduzir a criança em
um outro veículo. Aí começa o absurdo da legislação brasileira:
se for um táxi não precisa de cadeirinha, e olha que esses não
costumam andar devagar, se for uma van escolar também não
necessitará do equipamento, é o que diz a lei, se for um ônibus
coletivo também não haverá a cadeira para crianças, nem cinto de
segurança e se não houver lugar para sentar a criança terá que ir
em pé, tudo dentro da mais estrita legalidade.
Este é o país em que moramos,
inventam regras incoerentes, forçam o contribuinte a gastar mais e
mais. Assim também ocorreu com o kit de primeiros socorros, quase
todo mundo gastou, depois cancelaram a obrigatoriedade.
Estas leis e normas têm seu
nascedouro nas câmaras legislativas, 81 senadores, mais de meio
milhar de deputados federais, muitas centenas de deputados estaduais,
vereadores nem tente contar, são no mínimo 9 em cada cidade, mesmo
que ela seja um vilarejo, todos esses parlamentares regiamente pagos.
A palavra regiamente, aqui utilizada, se aplica muito bem, pois são
de fato remunerados como se fossem reis.
O Executivo não é diferente, é
formado por um Presidente que mais lembra um turista, Governadores
que usam e constroem palácios, e Prefeitos que em seus carros de
luxo coordenam ambulâncias que são um lixo. Todos possuem canetas
poderosas capazes de nomear, aos milhares, sua turma para cargos de
confiança.
O Judiciário não fica para
trás: não solta serviço (vide o caso do mensalão), tem duas
férias anuais, emenda feriados e conta com salários de causar
inveja em cortes internacionais.
Voltemos ao trânsito! Se a turma
aí de cima fizesse seu papel, nem precisaríamos de tantas leis,
pois poderíamos comprar carros mais seguros, dar melhor manutenção,
teríamos ruas mais adequadas, com bom asfalto, boa sinalização e
sem enchentes, mais viadutos, túneis e passarelas, nos sentiríamos
seguros para usar bicicletas ou andar a pé e principalmente
poderíamos contar com um transporte coletivo eficiente.
O Brasil tem terra onde deveria
haver pavimento, pistas simples onde caberia duplicação,
duplicações acanhadas, assaltos nas estradas, faixas apagadas,
placas quebradas e gasolina campeã de preço. Assim, mantemos a
turma do Planalto e seus assessores nas planícies.
No momento que escrevi este
texto, não havia ocorrido as eleições, mas dá para imaginar que
pouco mudou, pois a “brasileirada” se conforma com pagar muito e
receber pouco, bem pouco mesmo.
Obs.: onde escrevi "contribuinte" leia-se pagador de impostos.
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