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segunda-feira, 30 de abril de 2012

SALÁRIO DE MÉDICOS NA "CAPITAL"

Copiado do CORREIO DE UBERLÂNDIA

29/04/2012 0:10

Salário de R$ 9 mil afasta médicos do serviço público

 
Aloísio Daher confirma o baixo salário e a rotina massacrante

Um salário médio de R$ 9 mil por mês já não é o suficiente para atrair médicos para compor as escalas de plantão de urgência e emergência das Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) em Uberlândia. Prova disso é que a Secretaria Municipal de Saúde tem 60 vagas abertas atualmente para a contratação em caráter de urgência de profissionais da área com perfil adequado, mas sem nenhuma previsão de quando isso acontecerá (veja vagas abaixo). Segundo a classe médica, o desinteresse está relacionado às condições de trabalho e também ao salário, que não é mais tão atrativo, principalmente, quando comparado com os rendimentos oferecidos pela rede particular, onde a carga de trabalho também é mais leve.
“O salário é pouco para a rotina, que é massacrante. Muitas vezes, quando um colega de trabalho falta, temos que dar conta de todo o serviço, sem ajuda. Temos que virar uma ‘máquina’”, disse Aloísio Daher de Melo, ex-médico da Rede Municipal de Saúde, onde trabalhou por mais de nove anos.
Com o crescimento dos usuários dos planos de saúde nos últimos anos, que hoje somam 46 milhões de pessoas no país (25% da população da população brasileira), a disputa por profissionais médicos para atendimento em serviços de urgência e emergência se torna cada vez maior. “Já não é qualquer profissional que topa trabalhar nesse setor e, além disso, é preciso ter experiência para não enfrentar problemas. Só que os experientes vão para as melhores ofertas”, disse o delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Uberlândia, Melicégenes Ambrósio.
De acordo com Álvaro Barale, coordenador do curso de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), “nas condições oferecidas, os médicos desses locais (UAIs) trabalham dias seguidos, até 52 horas consecutivas, na busca por rendimentos melhores. E poucos querem correr o risco, pois uma indenização por erro médico é pesada”, afirmou.
Mas é graças aos plantões extras, proibidos por lei, que alguns médicos da Rede Municipal de Saúde chegam a um salário de até R$ 20 mil (veja valores abaixo).

Plantões extras são comuns na rede

Álvaro Barale critica as condições de trabalho oferecidas

Diante da falta de 60 médicos para compor as escalas de plantão de urgência e emergência das Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) em Uberlândia, hoje, 125 dos 265 médicos contratados para o serviço nas unidades se veem obrigados a fazer plantões extras. Alguns deles chegam a fazer cinco por mês, o que é proibido por lei. Por esse motivo, o município já foi multado duas vezes pelo Ministério do Trabalho, o valor de uma das multas foi de R$ 500 mil.
O problema se torna ainda mais grave quando o excesso de trabalho passa a comprometer o atendimento dos pacientes. Isso acontece, principalmente, quando um plantonista não comparece ao serviço. “Precisamos destes 60 profissionais para não termos estes problemas e não receber multas. Não temos perspectiva de quando vamos encontrá-los, mas vamos continuar em busca. Acredito que temos um salário na média do mercado e ainda pagamos em dia”, afirmou o coordenador da Rede Municipal de Saúde, Adenilson Lima e Silva.
Quanto ao atendimento ambulatorial, o coordenador afirma não ter vagas abertas nem problemas de atendimento. Ao todo, a Rede Municipal de Saúde conta hoje com 898 médicos, o que dá uma média de 1,46 por habitante. Enquanto isso, no país, existem 371 mil médicos, sendo 1,95 por habitante.

Coordenador defende associação

Na opinião de Álvaro Barale, coordenador do curso de Medicina da UFU, a solução para acabar com a dificuldade de contratação de profissionais para os serviços de urgência e emergência da Rede Municipal de Saúde estaria na associação da rede com o ensino.
Segundo o coordenador, atualmente, os estudantes do curso não têm tantas oportunidades de conhecer a rede pública durante a faculdade. Com isso, além da falta de experiência para assumir um serviço de plantonista, já que no Hospital de Clínicas da UFU só assistem casos de média e alta complexidade, os estudantes não se identificam com o sistema. “Muitos escolhem a residência e os que não conseguem uma vaga preferem ficar estudando para passar no futuro a se aventurar nos plantões. Caso tivessem um contato com a rede durante a formação, esta história poderia ser diferente”, afirmou.
Já o Conselho Regional de Medicina (CRM) defende a ideia de que a população bem orientada também resolveria parte do problema. Segundo Melicégenes Ambrósio, delegado do CRM, “na falta de informações, muitos pacientes vão ao serviço de emergência para resolver um problema que é ambulatorial, como uma dor de cabeça, gripe. Caso isso não acontecesse, a carga de trabalho nas unidades públicas seria menor, o que poderia atrair com mais facilidade os profissionais”, disse.

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