PEDÁGIOS
Tirar mais dos que mais utilizam, gerar
economia para os que poupam e aliviar para os mais carentes. Visto
por essa filosofia o pedágio é uma tributação socialmente justa,
já que aqueles que mais estragam a rodovia passam a ser os que mais
põem dinheiro para recuperá-la, enquanto o pobre, por não viajar
se livra de pagar (muito) pela estrada que (pouco) usa. Os parênteses
destacam situações as quais muitos esquecem de contabilizar, na
verdade, todo e qualquer um que compra um produto transportado
pagando pedágio, paga, embutido no preço da mercadoria, sua cota.
No Brasil, ele tem características que o
tornam injusto: paga-se IPVA e pedágios, mas um não alivia o outro,
o governo construiu e constrói rodovia para depois entregá-las aos
particulares. Em muitos países, a iniciativa privada faz uma
rodovia, mediante a concessão do direito de explorá-la e,
decorridos muitos anos, ela passa a ser um bem público.
No estado de São Paulo, temos algumas
rodovias de primeiro mundo cujos pedágios são estratosféricos,
algumas estradas federais tem pedágios mais acessíveis mas são
acanhadas e inseguras, no Estado do Paraná temos o pior dos mundos,
reunindo preços altos a estradas acanhadas, muitas vezes em pistas
simples.
O modelo paulista se explica pela forma de
concessão: o governo, quando da licitação, estipulou quais seriam
os preços a cobrar e a forma de reajustes, os vencedores foram
aqueles que ofereceram o maior valor de “luvas” para que o estado
investisse em novas rodovias e repetisse o processo.
O modelo federal seguiu outra linha: fixou o
montante a receber de “luvas” e fechou contrato com os que
ofereceram menor preço nas cabines de arrecadação.
Não há modelo de licitação que seja
perfeito, mesmo o estrangeiro que citei, tem o vício de só
despertar o interesse da iniciativa privada quando a demanda pela
rodovia for considerável.
É interessante destacar o modelo adotado pelo
então Governador José Serra, quando licitaram o pedágio do
Rodoanel Mário Covas (o anel viário da capital de São Paulo). Numa
situação de quase boicote do governo federal, com o presidente Lula
amarrando os repasses de verbas aos paulistas, por serem de partido
de oposição, Serra adotou o seguinte critério: aquela empresa, que
se dispusesse a construir o trecho sul, que vai da Régis
Bittencourt, ao complexo Anchieta-Imigrantes, de acordo com projeto
pré-aprovado, e cobrasse menor preço de pedágio, levaria, como
levou, o trecho norte (Anhangüera, Bandeirantes, Castelo Branco,
Raposo Tavares e Régis Bittencourt) para explorá-lo, mas com a
obrigação de mantê-lo.
Resultado: O Rodoanel é uma rodovia de
primeiro mundo, com pedágio de R$ 1,40 por carro, foi ampliado e
será ainda mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário