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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A COR DO PRECONCEITO




ESTE ARTIGO É UM ATO DE INTOLERÂNCIA AOS INTOLERANTES.

As escolas devem existir para transformar o mundo, não para repetir e reforçar erros, alimentar preconceitos ou criar um ambiente de intolerância. Instituições de ensino são oficinas de artesanato nas quais os seres humanos são moldados, e nos oferecem uma oportunidade de educarmos uma geração para que ela seja melhor que a nossa, para que cresça o altruísmo, sejam enterrados o preconceitos, respeitados os direitos, as individualidades, as 
desigualdades, as minorias, as crenças, a descrença, etc.
O que me empurrou a digitar estas linhas foi um acontecimento recente, um episódio que está manchando a cidade de Uberaba e nos deprimindo enquanto cidadãos, concomitante a uma alegria de termos mais um exemplo de que as redes sociais utilizadas pelos internautas têm um lado muito positivo: a capacidade de fazer uma notícia, que poderia ser ignorada pela imprensa tradicional, ganhar a devida importância e gerar indignação necessária.
O Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, dirigido por Danival Roberto Alves, impediu uma adolescente de assistir aulas, tudo porque ela cometeu o “crime hediondo” de tingir o cabelo na cor azul. Numa Segunda ela foi convocada pelo diretor a “se adequar à disciplina da escola ou teria que se retirar”, o pai compareceu ao local no mesmo dia e conversou com o Sr. Danival, ficando acordado que ele falaria com a filha para que a mesma decidisse se sairia ou não do colégio e que haveria um prazo em caso de transferência.
Na Quarta o diretor quebrou o trato, a garota estava na fila de entrada quando o porteiro, cumprindo ordens bradou “você aí de cabelo azul, você não pode entrar”, em atitude que ela descreveu como “extremamente humilhante e na frente de todos”.
Os pais quando deixam o seus na porta de uma escola seguem confiantes para exercerem suas atividades, acreditando que seus filhos serão abrigados no seu “segundo lar”, quando se trata de menores então... Imagine se um aluno barrado sofrer algum tipo de assédio ou por força maior não conseguir retornar a sua casa.
Mas falemos do mais importante: a dignidade e a identidade são direitos básicos em nossa civilização, e no caso de desrespeito é bom que pisemos nos ovos da serpente. Ontem barraram o cabelo azul, hoje poderá ser o black power e obtendo sucesso, ficando impune, alguém poderá barrar o nordestino, o tatuado, o asiático, o branco, o negro, o aleijado, o gordo, o magro, o pobre, o famoso, a muçulmana de véu, o albino, o judeu, o careca, o cego, o homossexual, o velho, o adotivo, o órfão, a falsa loira, o de pele bronzeada, o católico, os de olhos verdes, os que calçarem 40...
Muitos podem pensar que se trata de um caso simples, que bastaria à aluna enquadrar-se à escola ou desligar-se do colégio, mas a questão tem implicações com a liberdade, o respeito a minorias e a democracia. O ensino é dever de Estado e as escolas devem ser pilares de uma sociedade igualitária.

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