ESTE
ARTIGO É UM ATO DE INTOLERÂNCIA AOS INTOLERANTES.
As
escolas devem existir para transformar o mundo, não para repetir e
reforçar erros, alimentar preconceitos ou criar um ambiente de
intolerância. Instituições de ensino são oficinas de artesanato
nas quais os seres humanos são moldados, e nos oferecem uma
oportunidade de educarmos uma geração para que ela seja melhor que
a nossa, para que cresça o altruísmo, sejam enterrados o
preconceitos, respeitados os direitos, as individualidades, as
desigualdades, as minorias, as crenças, a descrença, etc.
O que
me empurrou a digitar estas linhas foi um acontecimento recente, um
episódio que está manchando a cidade de Uberaba e nos deprimindo
enquanto cidadãos, concomitante a uma alegria de termos mais um
exemplo de que as redes sociais utilizadas pelos internautas têm um
lado muito positivo: a capacidade de fazer uma notícia, que poderia
ser ignorada pela imprensa tradicional, ganhar a devida importância
e gerar indignação necessária.
O
Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, dirigido por Danival Roberto
Alves, impediu uma adolescente de assistir aulas, tudo porque ela
cometeu o “crime hediondo” de tingir o cabelo na cor azul. Numa
Segunda ela foi convocada pelo diretor a “se adequar à disciplina
da escola ou teria que se retirar”, o pai compareceu ao local no
mesmo dia e conversou com o Sr. Danival, ficando acordado que ele
falaria com a filha para que a mesma decidisse se sairia ou não do
colégio e que haveria um prazo em caso de transferência.
Na
Quarta o diretor quebrou o trato, a garota estava na fila de entrada
quando o porteiro, cumprindo ordens bradou “você aí de cabelo
azul, você não pode entrar”, em atitude que ela descreveu como
“extremamente humilhante e na frente de todos”.
Os
pais quando deixam o seus na porta de uma escola seguem confiantes
para exercerem suas atividades, acreditando que seus filhos serão
abrigados no seu “segundo lar”, quando se trata de menores
então... Imagine se um aluno barrado sofrer algum tipo de assédio
ou por força maior não conseguir retornar a sua casa.
Mas
falemos do mais importante: a dignidade e a identidade são direitos
básicos em nossa civilização, e no caso de desrespeito é bom que
pisemos nos ovos da serpente. Ontem barraram o cabelo azul, hoje
poderá ser o black power e obtendo sucesso, ficando impune, alguém
poderá barrar o nordestino, o tatuado, o asiático, o branco, o
negro, o aleijado, o gordo, o magro, o pobre, o famoso, a muçulmana
de véu, o albino, o judeu, o careca, o cego, o homossexual, o velho,
o adotivo, o órfão, a falsa loira, o de pele bronzeada, o católico,
os de olhos verdes, os que calçarem 40...
Muitos
podem pensar que se trata de um caso simples, que bastaria à aluna
enquadrar-se à escola ou desligar-se do colégio, mas a questão tem
implicações com a liberdade, o respeito a minorias e a democracia.
O ensino é dever de Estado e as escolas devem ser pilares de uma
sociedade igualitária.
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