O voto do analfabeto
Nossa lei concede aos analfabetos o direito de
votar, eles podem tirar seus títulos de eleitor e decidir se querem
ou não comparecer à urna.
O Brasil é o país do jeitinho e
dos atalhos, aqui tapamos o sol com peneira: se há poucas vagas em
presídios amolecemos as leis e suas penas, não oferecemos ensino
público de boa qualidade e para compensar criamos as cotas, não
cuidamos de extinguir o analfabetismo mas compensamos com medidas
paliativas como o direito ao voto.
Ao invés de incluir os que não
sabem ler e escrever entre os que podem votar, deveríamos
localizá-los e torná-los cidadãos por intermédio de oportunidades
de obterem aprendizado.
Não é a alfabetização que
molda o caráter do eleitor, podemos ter pessoas que ignoram a língua
escrita mas que possuem maior discernimento para definir um bom
candidato, entretanto o voto se dá através da leitura, digitação
de números e confirmação de informações, portanto...
No caso de consulta popular
através das urnas, seja por plebiscito ou referendo, a coisa fica
ainda mais complicada para quem não lê nem escreve, comprometendo a
qualidade da sua escolha.
Veja como é incoerente a
situação surgida com o direito de voto para esse grupo de pessoas:
eles comparecem a um cartório eleitoral, lá são preenchidos a sua
revelia formulários de identificação e qualificação,
posteriormente eles recebem um papel que dizem ser seu título, daí
eles necessitarão de uma boa memória para não confundi-lo com
outros papéis e documentos.
Chegada a época da eleição o
analfabeto acompanha as propagandas eleitorais pela metade pois
sequer lerá um programa de governo ou um caderno de propostas,
ficando alijado do processo pois só terá acesso à imagem e som de
programas deficientes de rádio e televisão.
No dia da votação o analfabeto
passará pelo constrangimento de não saber onde votar, restando o
recurso de perguntar e assuntar terceiros, passando a depender da boa
vontade dos mesmos.
Não se trata de incoerência
pois estamos no país que obriga os pais a comprar cadeirinhas para
transportar as crianças mas sequer exige que os ônibus coletivos
tenham cinto de segurança, temos Copa para poucos sem ter vacina
contra a gripe suína para todos, o assassino é mais assistido que a
família da vítima.
Preparem-se para mais atalhos, é
muito provável que durante a Copa, com o intuito de disfarçar o que
não se fez, teremos muros tapando favelas, avenidas e rodovias
interditadas para serem usadas exclusivamente por times e torcedores,
aeroportos fechados para os que não trouxerem um ingresso em mãos.
Os analfabetos devem sim ser alfabetizados para que conquistem a cidadania plena.
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