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quarta-feira, 24 de julho de 2013

O voto do analfabeto

O voto do analfabeto

Nossa lei concede aos analfabetos o direito de votar, eles podem tirar seus títulos de eleitor e decidir se querem ou não comparecer à urna.
 
O Brasil é o país do jeitinho e dos atalhos, aqui tapamos o sol com peneira: se há poucas vagas em presídios amolecemos as leis e suas penas, não oferecemos ensino público de boa qualidade e para compensar criamos as cotas, não cuidamos de extinguir o analfabetismo mas compensamos com medidas paliativas como o direito ao voto.
 
Ao invés de incluir os que não sabem ler e escrever entre os que podem votar, deveríamos localizá-los e torná-los cidadãos por intermédio de oportunidades de obterem aprendizado.
 
Não é a alfabetização que molda o caráter do eleitor, podemos ter pessoas que ignoram a língua escrita mas que possuem maior discernimento para definir um bom candidato, entretanto o voto se dá através da leitura, digitação de números e confirmação de informações, portanto...
 
No caso de consulta popular através das urnas, seja por plebiscito ou referendo, a coisa fica ainda mais complicada para quem não lê nem escreve, comprometendo a qualidade da sua escolha.
 
 Veja como é incoerente a situação surgida com o direito de voto para esse grupo de pessoas: eles comparecem a um cartório eleitoral, lá são preenchidos a sua revelia formulários de identificação e qualificação, posteriormente eles recebem um papel que dizem ser seu título, daí eles necessitarão de uma boa memória para não confundi-lo com outros papéis e documentos.
 
Chegada a época da eleição o analfabeto acompanha as propagandas eleitorais pela metade pois sequer lerá um programa de governo ou um caderno de propostas, ficando alijado do processo pois só terá acesso à imagem e som de programas deficientes de rádio e televisão.
 
No dia da votação o analfabeto passará pelo constrangimento de não saber onde votar, restando o recurso de perguntar e assuntar terceiros, passando a depender da boa vontade dos mesmos.
 
Não se trata de incoerência pois estamos no país que obriga os pais a comprar cadeirinhas para transportar as crianças mas sequer exige que os ônibus coletivos tenham cinto de segurança, temos Copa para poucos sem ter vacina contra a gripe suína para todos, o assassino é mais assistido que a família da vítima.
 
Preparem-se para mais atalhos, é muito provável que durante a Copa, com o intuito de disfarçar o que não se fez, teremos muros tapando favelas, avenidas e rodovias interditadas para serem usadas exclusivamente por times e torcedores, aeroportos fechados para os que não trouxerem um ingresso em mãos.
 
Os analfabetos devem sim ser alfabetizados para que conquistem a cidadania plena.

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