Nossa baixa produtividade
Um articulista da revista Veja, em edição
recente, narrou ter visto um único construtor americano edificar um
barracão de obra em uma manhã, tal fato o deixou intrigado, pois
observou construção semelhante sendo feita por cinco empregados de
uma construtora brasileira, no mesmo período de tempo.
Observe que o americano foi cinco
vezes mais produtivo que seus colegas de continente, isto levou o
colunista a questionar a relação de salários e preços finais de
nossos produtos, mostrando uma séria desvantagem de nossa nação na
concorrência de mercado.
Pretendo discorrer sobre as
razões de tamanha defasagem. Comecemos pelo uso de maquinário: as
ferramentas e máquinas, tão necessárias à rápida e adequada
execução do serviço são bem mais caras no Brasil, a começar
pelos impostos e por serem fabricadas, também, em um ambiente de
baixa produtividade.
O americano, do caso em questão,
dirigiu-se ao local de trabalho em uma caminhonete, aqui os
funcionários de uma construção contam com um péssimo transporte
coletivo e se possuírem veículos estes serão piores em qualidade e
estado de conservação, terão dificuldades para obter seu
licenciamento, sua habilitação, além de transitarem em cidades mal
cuidadas, pouco planejadas, mal sinalizadas e esburacadas.
Nossas leis trabalhistas detonam
qualquer possibilidades de se ter jogo de cintura para contratar e
dispensar funcionários, engessando a capacidade das empresas e dos
trabalhadores. Para aumentar os males da improdutividade temos uma
horrenda cultura de não colaboração entre patrões e empregados,
hora o empresário não admitindo pagar bem, hora o funcionário
produzir mal para não “enriquecer” quem lhe contratou, desta
forma todos perdem. A influência do Brasil império faz com que o
empregador brasileiro se envergonhe de por a mão na massa, ao mesmo
tempo que desvaloriza o trabalho de terceiros, afinal a corte existia
(ou ainda existe) para ser servida.
Podemos dizer também que o
brasileiro tem que trabalhar sob constante tensão, com um olho no
gato e outro no peixe, pois tem sempre alguém querendo furtar suas
ferramentas, seu veículo (mesmo que seja uma bicicleta barata),
arrombar sua casa ou comprometer a segurança de seus familiares.
Chegou a hora de falarmos do mais
importante para se obter produtividade: O ensino no Brasil é de
péssima qualidade e a evasão escolar é pior ainda, em consequência
temos funcionários nas edificações com dificuldades para
interpretar plantas, marcar obras, ler manuais de instrução de
ferramentas e produtos a serem empregados. O problema se estende para
a dificuldade de tirar carteira de habilitação, etc., etc..
Nosso ponto mais fraco é o
ensino, nossos governantes sabem disto, mas preferem ter cinco
eleitores mal instruídos que um melhor preparado e crítico.
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