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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

É proibido consumir?




Necessitamos de algumas coisas que não conseguimos comprar e de serviços que não podemos pagar. Pessoas morrem sem remédios ou tratamentos, muitos pagam aluguel por absoluta falta de opção, outros se arriscam usando pneus carecas, deixam de estudar ou comprar livros e jornais.
O Brasil é campeão em preços extorsivos: o gás natural, os combustíveis, a telefonia estão entre os mais caros do mundo. É comum ouvirmos relatos de brasileiros que vivem no exterior comparando a qualidade e o custo de automóveis, eletroeletrônicos, roupas e até alimentos, que no estrangeiro geralmente custam bem menos.
Neste momento você já adivinhou que vou criticar nossos impostos. É o que farei, porém desta vez não abordarei o aspecto da quantidade que querem arrecadar e nem do desvios promovidos pela corrupção que age como “nunca antes nesse país”.
Imagine que alguém quer fabricar um certo produto, sapatos por exemplo, e que comece a levantar quais serão seus custos, tudo o que ele for comprar em nossa nação estará contaminado por impostos de má qualidade, principalmente os que oneram diretamente o consumo, sendo assim a indústria a ser montada pagará caro pelo couro e etc. e terá que repassar estes e outros tributos ao consumidor, em consequência o calçado chegará e custará caro na loja, e ficará encalhado nas vitrines e prateleiras e se tornará uma frustração para muitos consumidores.
Se pelo contrário, incidirem poucos impostos sobre o consumo do couro e do sapato, o produto final não ficará parado no revendedor, as pessoas calçarão seus pés com facilidade, a loja poderá ser ampliada e contratar mais um vendedor, haverá potencial para surgirem novos concorrentes, a fábrica produzirá e contratará mais, da mesma forma o curtume, a fabricante de solados, linhas e vernizes para calçados, as transportadoras que atuam nessa cadeia, etc.
E de onde virá a arrecadação que o governo necessita? Muito fácil: o Brasil tem que passar a tributar mais e melhor a renda e a propriedade. Lembre-se que estamos criando mais consumo, tornando nossas empresas mais fortes aqui e lá fora, e que portanto teremos rendas maiores e empregos melhores, que permitirão a aquisição de bens móveis e imóveis mais valorosos. Portanto os impostos sobre a renda e as propriedades poderão ter uma maior participação no bolo arrecadado.
Se você concordar com a dinâmica que propus, vai talvez pensar que descobri o ovo de Colombo, mas confesso que não, apenas procurei descrever a meu modo o que muitos economistas já estão roucos de tanto pregar, não se trata de uma nova teoria e sim de uma constatação óbvia do que ocorre nas economias mais desenvolvidas, economias das quais, diga-se de passagem, estamos ainda muito distantes. Só para servir de exemplo o consumo per capita de tintas de parede na Europa e Estados Unidos é cinco vez o do Brasil. E se a tinta fosse mais barata? Não teríamos mais casas bonitas e bem conservadas, além de mais indústrias de tintas?
Pagamos muitos impostos, de má qualidade e obtemos péssimo retorno em serviços públicos.

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